terça-feira, 10 de abril de 2012

Propósitos



Não crie demasiadas expectativas. Não queira valer sua dedicação e seu empenho. Não espere ser tratado da mesma forma que trata as pessoas. Não exija de ninguém o que você já ofertou a outrem. Confie em Deus. Confie em você. Desconfie de você. Dê significado ao amor. Descubra seus defeitos. Reflita. Reze. Diferencie vontade e prioridade. Pense. Escolha. Estenda as mãos para doar. Estenda as mãos p
ara receber. Não se preocupe tanto com o que os outros pensam de você. Não se preocupe com o que as pessoas acham delas mesmas. Seja corajoso. Não julgue pelos rótulos. Não se envergonhe de sua história. Cuide muito bem das amizades. Ame a família. Acredite que sempre se pode ser uma pessoa melhor. Sorria sem medo. Seja bom. Seja honesto. Seja humilde. Abra o seu coração e seja... seja... seja!

Fernando Lucas Teixeira Magalhães

Angústia de Outono




E se o vento não soprar?
Muitas folhas vão cair?
Pode o dia amarelar?
Deve a grama se esvair?

Seja eu, modesto e forte!
Paciente em meu sossego.
Que eu não pense em azar ou sorte.
E pratique o desapego.

Fernando Lucas Teixeira Magalhães

O Auto-Retrato (Mário Quintana)



O Auto-Retrato

(Mário Quintana)

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem,
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco

Feliz Mediocridade



Certa vez fui mal interpretado quando usei o termo "utopia" para me referir à união de determinados ideais. Fui apenas realista e não quis, de modo algum, ofender alguém. Não foi minha intenção confrontar e, muito menos, repudiar a opinião de sujeito nenhum.

Chamaram-me de medíocre. Fiquei mal. Fiquei triste. Sofri. Não pude entender o porquê dessa adjetivação, se minha intenção era apenas contribuir.

Também sonho com sonhos impossíveis. Talvez sonhe até de mais. Mas não posso deixar que meus sonhos me impeçam de enxergar a realidade, o rumo que as coisas estão tomando, a falta de equilíbrio entre as partes. Não consigo fingir que estou satisfeito com algo que me incomoda.

Por alguns angustiantes meses mastiguei, ruminei e digeri o adjetivo que me deram de presente: a mediocridade.

No dicionário, duas definições da palavra medíocre me chamaram a atenção:
1°: "Aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento."
2°: "Aquele que está entre bom e mau. Que está entre pequeno e grande."

De cara, descartei a primeira definição. Sei que não sou a melhor pessoa do mundo e nem a mais pura das criaturas, mas também sei que faço por merecer as coisas que conquisto. Luto para ser uma pessoa melhor a cada dia, procuro sempre aprender com cada pessoa que passa por meu caminho e tento manter o espírito de humildade, perseverança e solidariedade que aprendi com meus pais.

Analisando a segunda definição, descobri que ser medíocre é sublime. Ser medíocre é ser gente. Todos nós estamos, de certa forma, entre o bom e o mau, entre o pequeno e o grande. Somos bons e somos maus. Somos grandes, somos pequenos! E isso é que importa, ser! Ser a verdade de nossas palavras. Ser a confiança dos nossos atos. Ser quem ajuda, ser ajudado. Ser o simples e o complexo. O certo e o errado. Ser humano, ser-humano. Ser feliz em nossa mediocridade.

Hoje, independente da real intenção de quem me chamou de medíocre, agradeço. Agradeço por me ajudar a entender melhor a dinâmica das coisas. Agradeço por me fazer perceber o quanto podemos ser mal interpretados por melhor que seja nossa intenção.

E agradeço, principalmente, por me possibilitar sentir admiração por minha mediocridade. Sou medíocre, como todos!



Fernando Lucas Teixeira Magalhães

As pedras de estimação



O que seria do caminho não fossem as pedras?

E se fosse macio como areia? Fofo demais...
Tão liso quanto um tobogã? Infantil demais...
Verde tal qual grama? Esperançoso demais...
Uma faixa contínua? Urbano demais...
As pedras em nosso caminho trazem a realidade à tona. Todo mundo possui sua pedra de "estimação", muitos possuem pedras. Conviver com os problemas e saber lidar com as adversidades que a vida nos apresenta é fazer um exercício de humanidade. Conviver com os problemas, saber lidar com os mesmos e ainda solidarizar-se com os outros é fazer um exercício de compaixão. Não ousemos desejar um caminho sem pedras, pois sobre a rocha firme é que devemos construir nossos ideais.


Fernando Lucas Teixeira Magalhães

Lá na frente!



Deus me permita, lá na frente, colher os frutos das sementes que tenho plantado em meu caminho. E se a árvore da vida não der o fruto esperado, rezo para que eu tenha ao menos uma sombra fresca onde eu possa ter saudade, lembrar das coisas, repensar o rumo, chorar as mágoas e tocar meu violão... em paz!

Fernando Lucas Teixeira Magalhães

Como anda o nosso estoque de valores?





Os dois irmãos.

Eram dois irmãos; um solteiro e um casado. O casado possuía muitos filhos. Os dois compraram uma fazenda e resolveram administrá-la em regime de sociedade. Concordaram que plantariam e colheriam, dividindo entre si os produtos da terra, metade para cada um, embora cada um tivesse o seu próprio celeiro.

Os negócios iam bem. Mas um dia o solteiro pensou: "Não é justo que meu irmão e eu dividamos igualmente os frutos, porque sua família é numerosa; é muita gente para ser alimentada, ao passo que eu só tenho a mim mesmo para alimentar. Farei o seguinte: Todas as noites irei ao meu celeiro, apanharei um saco de grãos e o levarei em sigilo ao celeiro do meu irmão". E, de fato, começou a fazer exatamente assim: tarde da noite, o irmão solteiro punha às costas um saco de grãos e cuidadosamente o transportava até o celeiro de seu irmão.

Por sua vez, o irmão casado também pensou: "Não é justo que meu irmão solteiro e eu dividamos igualmente os frutos da nossa colheita; eu tenho muitos filhos, de modo que, no futuro, quando eu for bem idoso e as forças me faltarem, eles irão certamente me sustentar. Mas meu irmão não tem ninguém por ele. E quando ele for velho, quem o sustentará? Farei o seguinte: Todas as noites irei ao meu celeiro, apanharei um saco de grãos e o levarei em sigilo ao celeiro do meu irmão". Assim pensou, assim começou a fazer.

Todos os dias pelas manhãs os dois irmãos ficavam admirados com o fato de que, mesmo levando um saco para o celeiro de seu irmão, o estoque de cada um não diminuía.

Uma noite, porém, os dois irmãos se encontraram bem no meio do caminho entre os dois celeiros, cada um com um saco de grãos nas costas. Compreenderam finalmente porque o estoque de cada um não diminuía. Surpresos, felizes, de pronto jogaram ao chão os sacos e abraçaram-se demoradamente.

(História do folclore judaico)